De todos os planetas do Sistema Solar, Vênus é o mais parecido com a Terra, além de ser o mais próximo também na distância. Os dois têm massa, volume, área superficial, raio, densidade e velocidade de escape semelhantes.
Mas as similaridades na forma e origem não se estenderam para um ponto fundamental: a vida. Enquanto o clima permitiu que a Terra florescesse, Vênus se tornou um lugar infernal, com atmosfera composta por 96,5% de dióxido de carbono e nuvens de ácido sulfúrico, pressão atmosférica 92 vezes maior e temperatura superficial que ultrapassa os 450ºC.
Tentar entender o que deu errado é o objetivo da missão Venus Express, lançada em 2005 pela Agência Espacial Européia (ESA).
Em oito artigos publicados na edição desta quinta-feira (29/11) da revista Nature, diversos grupos de cientistas apresentam os resultados das mais extensas análises feitas até o momento sobre o vizinho terrestre. Chamá-los de gêmeos não é exagero, ainda que tenham crescido de modo tão diferente.
No artigo principal, destaca-se que apesar de Vênus não ter nem sombra da vida existente na Terra, as semelhanças entre os dois é o principal destaque – e foi muito maior na infância dos planetas.
Segundo os estudos, as altas temperaturas, os ventos zonais (que circulam pela latitude) e a turbulência próxima ao equador de Vênus resultaram na densa atmosfera e na grande quantidade de gás estufa retida na atmosfera do planeta.
A superfície inóspita de Vênus teria sido causada pela quebra das grandes quantidades originais de vapor de água em moléculas de hidrogênio e oxigênio. A primeira, mais leve, escapou no espaço, enquanto o elemento mais pesado permaneceu e se oxidou na atmosfera, resultando na superfície quente e seca atual.
A Venus Express também descobriu algo intrigante: descargas elétricas. A questão é que os cientistas achavam que não deveriam existir raios no planeta por conta do tipo de nuvens, parecidas com as de poluição observadas na Terra. Além disso, apesar da proximidade, os astrônomos nunca observaram qualquer raio em Vênus. Entretanto, a sonda identificou ondas eletromagnéticas de baixa freqüência e curta duração que se estima tenham origem em descargas elétricas.
A missão européia está prevista para durar até 2013. Segundo os autores do estudo, futuras análises ampliarão não apenas o conhecimento a respeito de Vênus, mas também da própria Terra. Afinal, dizem, a atual atmosfera venusiana pode ser vista como uma extrapolação radical da terrestre, em ritmo de aquecimento promovido pelo efeito estufa. Ou seja, semelhantes na origem e no fim.
quinta-feira, novembro 29, 2007
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