segunda-feira, maio 21, 2007

Teimosia

A resistência em aceitar idéias e fatos científicos tem sido uma preocupação em diversas sociedades. Em pesquisa feita nos Estados Unidos em 2005, pelo instituto Pew Trust, os resultados não foram nada animadores para a comunidade científica e educadores. Dos entrevistados, 42% disseram acreditar que humanos e outros animais existem em sua forma atual desde o início dos tempos, em noção que contradiz a própria existência da evolução. Muitos disseram acreditar na eficácia de intervenções médicas não comprovadas cientificamente, na natureza mística de experiências não corporais, na existência de entidades sobrenaturais do tipo fadas e fantasmas e na legitimidade da astrologia, adivinhação e percepção extra-sensorial

No texto, publicado na revista Science, os pesquisadores do Departamento de Psicologia da Universidade de Yale, nos Estados Unidos, descrevem a origem da recusa em aceitar noções científicas. As implicações são sérias pois um público cientificamente ignorante não é capaz de avaliar políticas a respeito de temas como o aquecimento global, organismos geneticamente modificados, pesquisas com células-tronco, etc.
Segundo os pesquisadores, a resistência tem origem especialmente em concepções e inclinações presentes na infância e que continuariam por toda a vida adulta. Adultos resistiriam a fatos científicos por não os encararem como intuitivos ou naturais, comportamento que derivaria de suas experiências quando crianças.

Um exemplo dado pelos autores está na noção já presente em crianças pequenas de que objetos caem ao ser soltos, o que complicaria a compreensão a respeito da forma terrestre. Se o planeta é redondo, por que pessoas do outro lado não caem para fora dele? Seria uma dúvida comum.

Para os pesquisadores, apenas aos 8 ou 9 anos as crianças passariam a entender questões como gravidade, ainda que muitos continuem a representar em atividades escolares a Terra, por exemplo, como uma meia esfera de topo achatado ou como uma esfera oca em que as pessoas viveriam no interior.

A resistência a noções científicas seria ainda maior em situações em que haveria uma alternativa não científica, baseada em senso comum e aceita por pessoas ou setores considerados confiáveis.

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