Um dos maiores mistérios do Sistema Solar é saber por que Vênus não possui satélites. Um novo modelo sugere que nosso planeta vizinho pode ter tido um satélite, mas que foi destruído.
Acredita-se que Lua da Terra foi formada quando um corpo do tamanho de Marte atingiu a Terra primitiva, ejetando material para o espaço, que depois coalesceu. Em geral, material lançado ao espaço simplesmente retorna para a superfície, mas a força do impacto distorceu temporariamente a forma da Terra e, portanto, o seu campo gravitacional, permitindo que este material permanecesse em órbita. Após a sua formação, a Lua afastou-se graudalmente da Terra devido à interações gravitacionais entre os dois corpos: a Lua afeta as marés da Terra, e essas marés reagem na Lua, acelerando-a às custas da rotação da Terra.
Como Vênus tem tamanho e composição muito semelhante ao nosso planeta, é razoável supor que também tenha sido atingido por grandes objetos. Uma possibilidade é que esses impactos não tenham distorcido a gravidade venusiana o suficiente para manter os destroços em órbita. Outra é que o satélite se formou e ficou a deriva até escapar totalmente. O problema com esta última hipótese é que este escape deveria levar bilhões de anos para ocorrer.
Pesquisadores do Caltech propuseram um modelo que leva em consideração a rotação do planeta. Vênus gira em torno do próprio eixo num ritmo muito lento (um dia em Vênus leva 243 dias terrestres), além de realizar esta rotação na direção oposta a todos os outros planetas. Foi sugerido que Vênus tenha sofrido dois grandes impactos.
O primeiro choque teria feito o planeta girar no sentido anti-horário. Uma Lua teria sido criada e começado a se afastar, como a da Terra. O segundo impacto teria feito o planeta girar no sentido horário e cancelado o efeito da primeira colisão. Este cancelamento não precisaria ter sido precisamente igual ao primeiro, já que a gravidade solar poderia completar o efeito, desacelerando e até mesmo revertendo a rotação venusiana. Esta reversão teria mudado as interações gravitacionais entre o satélite e o planeta, levando a uma colisão. O segundo impacto poderia ou não ter criado uma outra lua. Em caso afirmativo, esta teria sido tragada pela primeira na sua descida rumo à destruição.
Para testar esse modelo, os cientistas sugerem verificar assinaturas isotópicas em rochas venusianas, mas a maior importância dessa pesquisa é reiniciar uma discussão sobre a ausência de satélites em Vênus, um problema difícil que os cientistas planetários pouco exploraram.
2 comentários:
Achei esse post muito interessante. E também achei interessante saber que um dia em Vênus leva 243 dias dos nossos. Lá não teríamos o problema de falta de tempo. =) Beijinhos!
Sei que Venus tem um Quasi-satelite. Achei na wikipédia.
Parece que ele gira em volta de Venus um tempo e depois sai desta órbita e passa a orbitar o Sol...
Postar um comentário