sexta-feira, março 02, 2007

Finíssimo

Um grupo de cientistas europeus usou o mais fino material conhecido para criar uma nova tecnologia, com enorme potencial, que poderá ser usada para construir computadores supervelozes ou equipamentos capazes de registrar imagens de moléculas com precisão inédita.

Os cientistas criaram um tipo de membrana com espessura extremamente fina, de apenas um único átomo. O estudo foi descrito em artigo publicado na edição atual da revista Nature.

A novidade, digna da ficção científica, é resultado de estudo com o grafeno, uma nova forma de carbono descoberta em 2004 e que é considerada um dos tópicos mais quentes na física atual. Por características insólitas (como a reduzida espessura) e propriedades notáveis (como a condução de eletricidade), o grafeno tem sido cotado, entre outras coisas, como possível sucessor do silício na fabricação de chips de computador.


Mas, apesar de todo o barulho que causou desde que sua existência fora anunciada, havia dúvidas se o grafeno poderia existir em estado livre. Foi o que o grupo do Instituto Max-Planck, na Alemanha, acaba de demonstrar.

Os pesquisadores empregaram uma combinação de técnicas de microfabricação, usadas na produção de microprocessadores, por exemplo. Primeiro, uma plataforma metálica foi colocada por sobre uma folha de grafeno, que, por sua vez, estava sobre um chip de silício.

O chip foi dissolvido em ácidos, deixando apenas o grafeno suspenso no ar ou no vácuo da plataforma. As membranas que resultaram do processo formaram o que os pesquisadores chamaram de material mais fino possível de se obter na atualidade. Além disso, elas mantiveram as propriedades do material.

De acordo com os cientistas, a razão para a estabilidade de materiais com espessura de um átomo – algo até então considerado impossível ou, pelo menos, improvável – é o fato de o grafeno não ser perfeito. O material parece absolutamente plano, mas é levemente irregular. E são justamente esses “defeitos” na superfície que ajudam a estabilizar o próprio material.

Entre as aplicações imaginadas para a membrana está a fabricação de dispositivos eletrônicos muito menores do que os atuais e a produção de suportes para microscopia eletrônica. Esses suportes seriam usados no estudo de moléculas isoladas, o que teria grande implicação para o desenvolvimento de medicamentos, ao permitir análises mais rápidas das estruturas atômicas de complexos bioativos.

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